Ancelotti e Seleção Brasileira precisam decretar fim da era Neymar

02 junho 2025 às 13h19

COMPARTILHAR
Neymar Jr. já foi mais do que um dos maiores jogadores de futebol do mundo. Ele foi símbolo de uma geração, esperança de um país inteiro e herdeiro natural do trono deixado por Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e Romário. Mas hoje, aos 32 anos, está longe de ser a principal esperança do Brasil para a próxima Copa do Mundo, em 2026.
O que se vê é a dolorosa decadência de um craque que parecia destinado a reescrever a história do futebol brasileiro. Desde o seu retorno ao Santos, ele ainda não demonstrou que pode voltar a ser o rosto da Seleção. Inclusive, ontem, domingo, dia 2, foi expulso no jogo contra o Botafogo, no Campeonato Brasileiro, após tentar marcar um gol com a mão.
Na jogada, o camisa 10 claramente percebeu que não conseguiria alcançar a bola e, por isso, tentou marcar o gol com a mão. Como já havia recebido um cartão amarelo, levou o segundo e, consequentemente, foi expulso. Com a expulsão ainda com o placar em 0 a 0, o Botafogo aproveitou a vantagem numérica, venceu a partida e empurrou o Santos para a zona de rebaixamento do Brasileirão.
O lance gerou críticas de jornalistas, que classificaram a expulsão como um “papelão” e uma “humilhação” para o Santos. Outros chegaram a considerar o episódio como um “fim de carreira melancólico”. Há quem diga que esse pode ter sido o último lance de Neymar pelo clube, já que ele só voltaria a atuar pelo Peixe caso renove o contrato.
Com contrato válido até 30 de junho, Neymar teria apenas mais uma oportunidade de atuar pelo Santos antes da pausa nas competições para o Super Mundial de Clubes. No entanto, como está suspenso, não poderá jogar. Resta saber qual será a decisão da equipe e do próprio jogador para o futuro da carreira.
Anteriormente, Neymar ficou afastado dos gramados por um mês devido a uma lesão muscular na coxa. Mais recentemente, sofreu uma ruptura no ligamento cruzado anterior enquanto atuava pelo Al-Hilal, da Arábia Saudita, o que o deixou um ano longe dos campos. Vale lembrar que as lesões sempre fizeram parte da trajetória do atleta e têm sido um obstáculo recorrente em sua carreira.
Fim da linha?
A volta ao Santos fazia parte do plano de Neymar para se preparar para a Copa do Mundo de 2026 e se reconectar com os brasileiros. No entanto, a situação parece cada vez mais irreversível, especialmente após os acontecimentos no jogo contra o Botafogo. Assim como a Seleção Brasileira parece cada vez mais distante, a confiança do torcedor também soa irrecuperável.
Antes da partida de ontem, Neymar já havia sido alvo de críticas por ter viajado para a final da Kings League, um torneio de futebol sete, logo após a derrota para o Corinthians no clássico disputado em maio. A atitude gerou comentários que colocaram em dúvida o comprometimento do atleta com o Santos e com o futebol, já que ele teria priorizado eventos extracampo. Como resposta, ele publicou um story nas redes sociais com a frase: “Personalidade que incomoda, presença que se nota, felicidade que se esbanja”.
Pela Seleção Brasileira, Neymar obviamente ficou de fora da primeira convocação do técnico italiano Carlo Ancelotti. Seu último jogo com a camisa do Brasil foi na derrota por 2 a 0 para o Uruguai, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, em 2023.
Novo caminho
Neymar já foi o protagonista de uma geração. Ídolo desde jovem, símbolo de habilidade e irreverência, carregou por mais de uma década o peso de ser a grande esperança da Seleção Brasileira. No entanto, o tempo passou, as lesões se acumularam, a disciplina ficou cada vez mais questionável e, hoje, o craque de outrora já não é sombra do que prometia ser. É hora de encarar a realidade: Neymar não deveria mais jogar pela Seleção.
O argumento não é emocional, é prático. Aos 32 anos, Neymar chega à reta final da carreira com um histórico preocupante de contusões e afastamentos prolongados. A recente lesão no ligamento cruzado anterior o deixou um ano fora dos gramados. Antes disso, outros problemas musculares já o tiravam de fases decisivas tanto por clubes quanto pela Seleção Brasileira. A imprevisibilidade física faz com que qualquer planejamento que o envolva seja frágil.
Além disso, o comportamento extracampo de Neymar se tornou um capítulo à parte. Sua imagem está longe da de um líder comprometido, e ele nunca conseguiu consolidar a persona do “adulto Ney”, como tentou por tantos anos.
Está na hora de abrir caminho para os novos talentos brasileiros, incluindo Vinícius Jr., Rodrygo e Raphinha. A insistência em manter Neymar como centro do projeto atrasa a renovação natural que a Seleção precisa. A camisa 10 precisa de um novo rosto, um novo símbolo, alguém que represente o futuro – não o peso do passado.
Neymar é o maior artilheiro da Seleção na era moderna e protagonizou momentos inesquecíveis, conquistando títulos como duas medalhas de ouro olímpico e a Copa das Confederações em 2013. Mas toda era chega ao fim. A Seleção Brasileira precisa olhar para frente e reconstruir sua identidade com base no presente e no futuro.