Ex-alunos brasileiros relatam como Harvard mudou suas vidas e comentam ofensiva de Trump: “Quem perde são os EUA”

22 junho 2025 às 10h14

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A ofensiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a Universidade de Harvard, em meio a uma disputa judicial sobre o direito de receber estudantes internacionais, espalhou a insegurança sobre a educação superior no país. Em meio a esse cenário de tensão política, quatro brasileiros que passaram pela instituição relatam como suas trajetórias acadêmicas em Harvard transformaram profundamente suas vidas e carreiras.
Embora a Casa Branca tenha intensificado os esforços para restringir a presença de estrangeiros nas universidades americanas, uma decisão da juíza federal Allison Burroughs, proferida nesta sexta-feira, 20, bloqueou temporariamente a medida, garantindo que Harvard permaneça no Programa de Intercâmbio de Estudantes e Visitantes.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás, José Frederico Lyra Netto, é um desses exemplos. Entre 2013 e 2015, ele cursou um mestrado em Políticas Públicas na Harvard Kennedy School of Government. “Pra mim foi realizar um sonho”, resume ao Jornal Opção.
Diferente do clima de incerteza enfrentado pelos estudantes internacionais atualmente, ele descreve um cenário de tranquilidade no período em que fez sua aplicação e obteve o visto. “O processo era muito simples. O desafio era ser aprovado. Uma vez que você era aceito, o visto vinha de forma natural. Hoje, olho essa situação com tristeza. Quem perde, na minha opinião, são os Estados Unidos”, afirmou.

O caminho até Harvard, no entanto, exigiu dedicação e superação de etapas rigorosas. José Frederico precisou passar pelo exame Graduate Management Admission Test (GMAT) – uma prova reconhecida internacionalmente que avalia lógica e habilidades analíticas –, além de escrever redações pessoais, conhecidas como “essays”. “Por fim, tem as cartas de recomendação. São os números, o que você fala sobre você e o que outras pessoas falam sobre você”, explicou.
Além de ser aprovado, José Frederico precisou buscar apoio financeiro para viabilizar sua ida aos Estados Unidos. Com esforço, conquistou três bolsas: uma da Fundação Estudar, outra da Fundação Lemann e uma terceira intitulada “Person of the Year Fellowship”, uma premiação concedida nos EUA. “Foram essas três bolsas que viabilizaram a minha ida”, relatou.
Durante os dois anos em que permaneceu em Boston, o agora secretário de Estado viveu intensamente o ambiente acadêmico e multicultural de Harvard. Ele destacou que parte fundamental da formação foi o convívio com pessoas de diferentes nacionalidades. “Na minha faculdade, que é a Faculdade de Gestão Pública, tínhamos pessoas de mais de 90 países. Uma faculdade muito internacional”, lembrou. No entanto, em seu mestrado, a maioria era de americanos: “75% dos alunos eram dos Estados Unidos, mas a relação era muito boa. Fiz alguns amigos americanos, inclusive.”
José Frederico contou que, mais do que frequentar as aulas, a experiência envolvia intensa troca de ideias com colegas e professores. “Uma parte da experiência é estudar e outra é o aprendizado com os colegas. Isso foi muito natural. Até hoje, mantenho contato com professores americanos”, afirmou. Ele citou, como exemplo, o professor Steven Levitsky, conhecido mundialmente por seus estudos sobre democracia, com quem segue trocando ideias. “Discutimos bastante sobre o Brasil. Eu já troquei mensagem com meu orientador. Até hoje interajo com eles.”
A recente participação na reunião de 10 anos de formatura foi um momento simbólico para reafirmar os valores da universidade. “Fui agora, em maio, para a reunião de 10 anos de formado. Eles deixaram muito claro que a visão deles é oposta à do governo Trump e que vão lutar até o fim para garantir a presença de alunos internacionais. Eles sabem que boa parte do sucesso de Harvard vem do seu corpo de alunos que vêm do mundo inteiro”, reforçou.
Sobre as ameaças do governo Trump de restringir a entrada de estudantes estrangeiros, José Frederico foi enfático: “É uma política equivocada. Parte do sucesso dos Estados Unidos se baseou em atrair talentos do mundo inteiro. Ao fechar as portas para alunos internacionais, eles estão indo contra um dos fatores que explicam o sucesso do país.”
Além da crítica direta à medida, ele fez um alerta: ao adotar esse caminho, os EUA abrem espaço para que outros países, como o Brasil, atraiam talentos “rejeitados”. “O Brasil poderia fazer isso. Temos algumas ilhas de excelência em algumas áreas e poderíamos tentar capturar esses talentos”, afirmou.
José Frederico também ressaltou os aspectos metodológicos e culturais que marcaram sua experiência em Harvard. Ele destacou que os alunos eram incentivados a estudar profundamente antes de cada aula e que o ensino priorizava a formação de pensamento crítico. “Tinha uma filosofia de que não era só absorver, mas o que você pensa importa. Parte da sua nota não era só entender o texto, mas qual a sua visão sobre aquilo”, explicou.
Outro diferencial foi a proximidade com os professores. Ele contou que alguns docentes, como um que organizava cafés da manhã com os alunos todas as quintas-feiras, estimulavam o diálogo aberto. “Os professores eram muito acessíveis, muito tranquilos. A gente tinha um diálogo muito grande com eles”, disse.
Ao refletir sobre o impacto dessa formação em sua vida profissional, José Frederico foi categórico: “Fomos treinados para fazer políticas públicas de excelência, com ferramentas de estatística, economia, gestão e liderança. Estar lá era estar na fronteira do conhecimento na minha área.”
Além disso, o secretário destacou a importância do networking que a universidade proporcionou e continua proporcionando. “Tenho colegas que acabei trazendo para projetos aqui no Brasil. Esse contato com pessoas muito boas, que viraram colegas de projeto, foi fundamental.”
José Frederico avalia que, apesar da crise, universidades como Harvard devem resistir. “Acho que essa política vai ser revertida. Eles vão mudar. Mas, caso persista no médio e longo prazo, outros países ocuparão esse espaço deixado pelos Estados Unidos”, concluiu.
Outro ex-aluno brasileiro, Raphael dos Santos Veloso Martins, atual subsecretário de Ciência e Tecnologia em Goiás, também trilhou o caminho até Harvard, chegando à universidade em 2012 para cursar mestrado em Administração Pública e Desenvolvimento Internacional.
Para viabilizar a jornada, ele contou com bolsas da Fundação Estudar e da Fundação Lemann, além de recursos próprios acumulados durante seu período de trabalho no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Eu tinha juntado um dinheiro também, eu estava trabalhando no BNDES nessa época, e aí eu fui lá e, chegando lá, eu também dei aula e peguei um empréstimo. Com isso eu consegui me manter e pagar o custo da escola e o custo de vida”, contou ao Jornal Opção.

O processo de seleção, segundo ele, foi altamente competitivo. A bolsa da Fundação Estudar, por exemplo, exigiu a superação de uma disputa acirrada. “Teve um processo seletivo que na época deveria ter tido por volta de 7 mil pessoas concorrendo e aí eles deram bolsa para umas 30 pessoas. E aí eu fiz todo um processo e no fim fui aprovado”, relembrou.
Durante os dois anos de mestrado, Raphael viveu uma realidade que, segundo ele, parecia inimaginável diante das atuais barreiras impostas por Trump. “Naquela época era muito fácil, era muito tranquilo. Esses problemas atuais eram inimagináveis na época. Então a gente tinha muita facilidade para conseguir o visto, para entrar e sair dos Estados Unidos, viajar para outros países. A gente tinha mobilidade”, relatou.
O contexto acadêmico também refletia um ambiente de integração multicultural. O perfil internacional do curso de Desenvolvimento Internacional, segundo Raphael, era evidente. “A grande maioria dos alunos, é uma turma de mais 70 pessoas, a maioria era de outros países, não eram americanos, acho que 70% não eram americanos. Então a gente tinha essa complicidade”, destacou.
A recente ofensiva de Trump, segundo o subsecretário, ameaça exatamente esse ambiente de diversidade que foi fundamental para sua formação. “O mestrado, ele está especialmente impactado no que está acontecendo, por ter esse perfil internacional”, explicou. Embora os programas ainda não estejam formalmente cancelados, o clima de incerteza é palpável entre os atuais e futuros alunos. “Os que estão para começar não sabem se vão poder ir, então tem esse nível de incerteza da pessoa”, afirmou.
Raphael mantém contato frequente com ex-colegas de Harvard, principalmente os brasileiros, que se organizam em grupos de WhatsApp para compartilhar informações e apoiar-se mutuamente diante das mudanças políticas. Raphael destaca ainda a importância das redes de ex-alunos e de bolsistas, como as da Fundação Lemann e da Fundação Estudar, que hoje conectam profissionais em diversas partes do mundo. “Essas conexões que você faz, você vai levar para o resto da vida. As redes dos bolsistas, as redes dos ex-alunos, tudo isso faz muita diferença”, afirmou.
O cenário geopolítico mais estável da década passada, comparado ao contexto atual de escalada de tensões internacionais, também foi um facilitador para a sua trajetória. “Essa questão das relações entre China e Estados Unidos, naquela época, era basicamente inexistente. Então, você tinha os alunos chineses, eles iam pra lá, isso não existia dificuldade nenhuma. Isso já mudou muito agora”, observou.
Além da formação acadêmica, a experiência em Harvard foi determinante para transformar a carreira de Raphael. Ele acredita que o título abriu portas e criou um diferencial de mercado decisivo. “Quando você faz um mestrado assim, numa universidade desse nível, você dá um sinal muito grande para as pessoas no Brasil do seu perfil de profissional, que você é uma pessoa que está disposta a sair da sua zona de conforto, a correr atrás, e obviamente que você tem uma qualidade técnica também muito boa”, avaliou.
Essa qualificação não só lhe permitiu conquistar o doutorado em uma instituição americana de primeira linha, como também o conduziu à carreira pública em Goiás. “Eu vim parar no governo de Goiás por um convite que tive para ser subsecretário feito por um amigo que conheci em Harvard, o José Frederico, ele me convidou para assumir uma subsecretaria”, contou.
Na Escola de Políticas Públicas de Harvard, a interação com lideranças globais era uma rotina enriquecedora. Raphael teve a oportunidade de assistir aulas de figuras como Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, e de manter contato com presidentes da América Latina e outras autoridades internacionais. “A gente estava sempre em contato com lideranças mundiais. Então, presidentes de países, presidentes do Equador, presidentes da Argentina. Eu lembro que tinha até ex-presidente que era colega nosso de turma, assim já em programas para pessoas mais seniors”, recordou.
Sobre o futuro das universidades americanas, Raphael concorda com José Frederico e faz um alerta. Para ele, o fechamento das portas para estudantes internacionais pode ter efeitos duradouros e negativos para o próprio sistema de ensino superior dos Estados Unidos.
“No médio prazo vai ter um efeito muito ruim para as universidades americanas”, afirmou. Ele acredita que o cenário deve forçar uma mudança de rota nos fluxos de mobilidade acadêmica. “O que eu acho que é o recomendado, é olhar para outros países, olhar para o Canadá, a própria China, tem universidades que estão em emergência. Eu acho que isso vai acabar acontecendo muito mais”, previu.
Já a história de Flávio Rocha Lima Paranhos, doutor em Oftalmologia, é outro exemplo das diferentes formas de vivenciar Harvard. Entre 1994 e 1995, ele realizou um doutorado sanduíche em Oftalmologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, com estágio prático na Escola de Medicina de Harvard. Durante um ano, ele conta ao Jornal Opção que desenvolveu a parte prática de sua tese sobre retina no Massachusetts General Hospital (MGH), uma das instituições vinculadas à universidade.
“A parte prática foi toda feita lá com pacientes de lá, com orientador de lá e o orientador da Federal de Minas”, relembra. Para Paranhos, o ambiente multicultural e de altíssimo nível científico foi decisivo para o avanço de sua carreira como especialista em retina no Brasil.

A jornada acadêmica de Flávio começou com a obtenção de uma bolsa de doutorado sanduíche do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), conquistada após um ano de dedicação às disciplinas obrigatórias no Brasil. A imersão em Boston exigiu não apenas conhecimento técnico, mas também habilidades interpessoais e culturais.
Apesar de já ter fluência em inglês, o médico enfrentou um choque cultural inesperado: a convivência com colegas japoneses. “O meu orientador era o doutor Tatsuo Hirose, um dos principais cirurgiões de retina do mundo na época. E dentro do laboratório, praticamente só tinha japoneses. A cultura de hierarquia deles era muito forte. Eu costumava ir direto ao meu orientador quando tinha dúvidas, e eles achavam aquilo o fim do mundo”, conta, entre risos.
Mesmo com as diferenças culturais, Flávio afirma que a experiência em Harvard foi uma das mais enriquecedoras de sua vida. “O que eu trouxe de lá foi conhecimento técnico, metodológico e também a capacidade de trabalhar com pessoas de diferentes culturas”, destaca. Após o retorno ao Brasil, Paranhos tornou-se referência nacional em eletrofisiologia clínica da visão, um campo bastante restrito na época. “Quando voltei, eu era um dos poucos no país que dominava esse exame. Saí dando curso em São Paulo, Belo Horizonte e Salvador”, afirma.

A decisão de voltar ao Brasil foi motivada por fatores pessoais e profissionais. Apesar do convite de seu orientador para permanecer nos Estados Unidos, Flávio optou por iniciar sua trajetória profissional em território nacional. “Eu queria trabalhar no Brasil. Foi ótimo, mas eu precisava voltar”, diz. Desde então, manteve contato com colegas e ex-professores americanos, além de retornar algumas vezes a Boston, inclusive levando suas filhas para conhecer a cidade e a universidade.
Ao comentar a atual ofensiva de Trump contra Harvard, Flávio não esconde a indignação. Para ele, as medidas restritivas são um erro estratégico grave. “O que essas pessoas não conseguem entender é que quem perde com isso é o próprio país. Os Estados Unidos perdem muito ao impedir a entrada de pessoas que vão contribuir cientificamente e economicamente para o país”, afirma. Ele cita como exemplo o próprio orientador, Tatsuo Hirose, um imigrante japonês que se tornou um dos maiores especialistas de retina em território americano. “A mobilidade das pessoas traz uma energia de transformação que é muito importante para qualquer nação”, argumenta.
Embora não tenha enfrentado preconceito durante sua estadia, o médico reconhece que sua posição era privilegiada. “Eu estava numa bolha. Não era um migrante no sentido tradicional. Era um pesquisador. Minha vivência foi muito tranquila nesse aspecto”, ressalta. No entanto, ele reconhece que a situação atual é muito mais complexa. “Hoje está uma coisa doentia. Se fosse na minha época, eu teria morrido de preocupação com a insegurança de não poder terminar meu projeto”, afirma.
Além de criticar a xenofobia crescente, Flávio também valoriza a diversidade que encontrou em Harvard. “Uma das coisas que mais te abre a cabeça é a diversidade das pessoas. E não estou falando de diversidade no sentido político ou ideológico. Estou falando da diversidade real: gente de todo lugar do mundo, de todas as cores, com todas as histórias de vida possíveis”, reflete.
Flávio reforça ainda o papel decisivo da estrutura financeira da universidade para a qualidade da pesquisa desenvolvida. “Harvard é uma universidade muito rica. Você consegue fazer sua ideia virar realidade porque eles têm dinheiro para bancar”, diz. Foi esse suporte que permitiu ao oftalmologista concluir, em apenas um ano, a parte prática de sua tese e adquirir habilidades que levaria anos para desenvolver no Brasil.
Ao analisar o cenário global, o médico lamenta a onda de xenofobia que se espalha por diversos países. “Essa rejeição ao imigrante é muito triste. Meu bisavô veio de Portugal para o Brasil e enfrentou muitas dificuldades. Hoje, vejo o quanto os países perdem ao barrar essas pessoas”, avalia. Para ele, a experiência como imigrante temporário foi enriquecedora e trouxe ganhos para ambos os lados: para o Brasil, que recebeu de volta um especialista altamente qualificado, e para os Estados Unidos, que contaram com a sua produção científica durante o período de pesquisa.
O dentista e implantodontista, Eudécio Gonçalves de Melo, um dos pioneiros em implantodontia em Goiás, também viveu uma experiência que considera um divisor de águas em sua carreira. Há 17 anos, ele participou de um curso em Harvard patrocinado por uma multinacional de implantes odontológicos. “Se tiver uma oportunidade de fazer um estudo na Universidade de Harvard, quem gosta do que faz é difícil recusar, né?”, diz. O convite veio após um ano de tentativas da empresa, que já o monitorava pelo destaque profissional na área. “Quando eles me convidaram para fazer um curso na Universidade Harvard, eu não resisti. Não levei mais do que o prazo dele fechar a boca para dizer que eu ia”, recorda em entrevista ao Jornal Opção.
Durante o curso, Eudécio integrou um grupo de cerca de 30 brasileiros. Embora as aulas fossem ministradas em inglês, a presença de um colega brasileiro, então mestrando em Harvard, garantiu tradução simultânea para o grupo. A abertura dos professores ao diálogo marcou o cirurgião. “Eles falaram que estavam lá à disposição do grupo e que não era para a gente hesitar em fazer qualquer tipo de pergunta”, relembra. A atitude o encorajou. “Eu sempre fui da primeira fila, sempre fui muito clínico e nunca tive vínculo acadêmico fixo, mas ali eu me senti à vontade para perguntar tudo. E eles responderam com prazer, sem pressa”, afirma.

A experiência em Harvard provocou uma guinada em sua filosofia de trabalho. Eudécio passou a adotar um tratamento mais conservador e biológico em implantodontia, priorizando a preservação dos dentes naturais e reduzindo drasticamente os casos de remoção em massa para instalação de próteses. “A filosofia que eu trouxe foi ser o mais conservador possível. Não ter pressa em reabilitar e usar o próprio organismo do paciente para devolver a naturalidade”, explica. Segundo ele, os tratamentos se tornaram mais sofisticados e proporcionaram aos pacientes mais conforto e resultados funcionais duradouros.
Mas o impacto de Harvard na vida de Eudécio não se limitou à área técnica. Durante os dias de curso, longe de casa, ele tomou uma decisão pessoal importante: pediu a namorada em casamento por telefone, direto de Boston. “Essa semana completo 19 anos de casado. Temos dois filhos. Harvard tem uma importância muito grande na minha vida”, conta com emoção.

Ao longo de sua carreira, Eudécio seguiu uma trajetória marcada pela busca incessante por atualização. Além de Harvard, fez cursos na Alemanha, Áustria, França, Espanha, México e em diferentes estados brasileiros. Hoje, além da implantodontia, atua no tratamento de dores crônicas, como enxaquecas, e no combate a distúrbios do sono, como ronco e apneia. “Tenho muito orgulho de hoje ver pacientes que choravam de dor voltarem para agradecer. Substituímos o choro de desespero por lágrimas de gratidão”, afirma.
Enquanto ex-alunos brasileiros como José Frederico, Raphael, Flávio e Eudécio celebram o legado transformador de Harvard em suas trajetórias, a universidade segue enfrentando a resistência política do governo Trump. A decisão judicial desta sexta-feira, que impede temporariamente a exclusão de Harvard do Programa de Intercâmbio, foi recebida como uma vitória parcial pela instituição, mas a batalha está longe de terminar.
O governo americano, além de tentar limitar a entrada de estudantes internacionais, também tem cortado bilhões de dólares em financiamento de pesquisa da universidade, como parte de um embate maior que inclui acusações de antissemitismo e outras questões políticas.
Para os quatro brasileiros, no entanto, a lembrança que fica é de uma Harvard plural, aberta ao diálogo e à diversidade. As experiências vividas por eles exemplificam exatamente o que está em risco com as políticas migratórias mais restritivas. Como afirma o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação de Goiás, José Frederico Lyra Netto, as conexões feitas em Harvard ultrapassam fronteiras e duram por toda a vida.