Um novo relatório climático da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alerta que as temperaturas globais recordes devem persistir até 2029, reforçando os sinais preocupantes do avanço da crise climática.

Segundo a “Atualização Global Anual para a Década”, publicada nesta quarta-feira, 28, há 80% de chance de um dos próximos cinco anos superar 2024, tornando-se o ano mais quente da história.

O relatório é um dos principais documentos de monitoramento climático mundial e tem como objetivo orientar governantes e formuladores de políticas públicas sobre os impactos atuais e futuros das mudanças climáticas.

O relatório aponta que há 86% de chance de que, entre 2025 e 2029, pelo menos um ano registre temperatura média global acima de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais (1850-1900). Além disso, estima-se uma probabilidade de 70% de que a média de temperatura global no período de cinco anos também ultrapasse esse limite.

Esse valor representa um aumento significativo em relação a anos anteriores: o relatório de 2023 apontava 32% de chance de ultrapassagem no período de 2023 a 2027, enquanto o relatório de 2024 (para 2024-2028) apontava 47%.

O que significa o limite de 1,5 °C?

O aumento de 1,5 °C é considerado o “limite seguro” para o aquecimento global, segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Ultrapassá-lo significa intensificação de eventos extremos, como: ondas de calor mais intensas e frequentes, secas prolongadas e chuvas extremas, derretimento de geleiras, aumento do nível do mar e aquecimento dos oceanos; além de redução de áreas de gelo marinho e mudanças nos ecossistemas

A OMM prevê que 2025 será mais quente do que qualquer ano entre 1991 e 2020, com exceção de algumas áreas do Pacífico Sul e do Oceano Antártico. Veja os principais impactos globais do aquecimento:

  • Ártico: aquecimento médio de 2,4 °C acima da média recente entre novembro e março.
  • Redução do gelo marinho: particularmente nos mares de Barents, Bering e Okhotsk.
  • Mudanças nas chuvas:
    • Mais chuvas no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria;
    • Menos chuvas na região da Amazônia, agravando a seca;
    • Chuvas intensas no sul da Ásia, padrão que tende a se repetir até 2029.

O relatório da OMM reforça a urgência do cumprimento das metas do Acordo de Paris, assinado em 2015 durante a COP21. O tratado estabelece que os países devem manter o aumento da temperatura global abaixo de 2 °C e esforçar-se para limitá-lo a 1,5 °C.

Com a estimativa central do aquecimento médio de 20 anos (2015 a 2034) em 1,44 °C, e picos projetados de até 1,54 °C, a COP30, marcada para acontecer em Belém (PA), será decisiva.

Os países devem apresentar suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atualizadas — planos climáticos essenciais para atingir as metas do Acordo de Paris.

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